"Ostra feliz não faz pérola"

Dear reader,

Um dia, eu estava ouvindo um podcast em que uma menina fazia uma comparação entre uma ostra e um artista, uma pérola e uma arte. Durante todo o dia, fiquei me questionando sobre essa frase: "Ostra feliz não faz pérola."

A ostra representa um artista; para a ostra fazer uma pérola, ela precisa ser incomodada, machucada, com um grão de areia, e aí surge a pérola. A ostra precisa sofrer para criar algo lindo como uma pérola. Ou seja, será que para alguém, principalmente um artista, é necessário haver sofrimento para criar arte? A maioria das melhores músicas, das melhores poesias e das melhores histórias vieram de pessoas que foram machucadas ou que se machucaram. Muitas artes surgem pela dor.

Arte pode ser tudo. Arte pode ser dança, escrita, música, filme... A arte existe graças ao artista, que muitas vezes, ou em quase todas as circunstâncias, foi machucado. Será que não se pode criar arte através da felicidade? Acho que sim, mas temos que concordar que a arte que vem da dor se destaca muito mais.

Rubem Alves escreveu sobre isso; ele diz que escreveu para se livrar da dor. Mas ele também diz que a dor não precisa ser doída, mas que pode ser mais como uma curiosidade que incomoda, mas ainda assim, é um incômodo. Eu acredito que a arte surge muitas vezes através da dor porque é uma forma de extravasar, de distrair a cabeça, talvez até de se curar. Claramente, eu não sou nenhuma artista, mas ainda assim, toda vez que me sinto triste, ansiosa ou angustiada com algo, gosto de escrever, desenhar e pintar. Toda dor e todo incômodo pode virar arte. 

Eu conversei e pesquisei bastante sobre esse assunto antes de escrever aqui, mas tenho que concordar com Rubem Alves. De certo modo, isso é algo muito bom. Algo feio, aos nossos olhos, pode virar algo bonito ao olhar de outro alguém. Acho que se tudo, bom ou ruim, ficasse guardado dentro de nós, não existiria nenhum tipo de arte, apenas talentos ocultos.

Enquanto eu lia textos no Pinterest, também vi uma frase de Kait Rokowski, que para ser bem sincera, até pouquíssimo tempo eu não sabia quem era, que diz: "Nothing ever ends poetically. It ends and we turn into poetry. All that blood was never once beautiful. It was just red." (Nada nunca termina poético. Termina e nós transformamos em poesia. Todo esse sangue nunca foi bonito. Era apenas vermelho.) Ou seja, nós que transformamos e romantizamos diversas situações, algo traumático para alguém pode virar uma das músicas mais escutadas do mundo, e por aí vai.

Vou colocar uma foto aqui com frases de artistas que ao meu ver, explicam muito bem isso. 

Aprender a lidar com algo que nos incomoda nunca é fácil; é um processo muitas vezes longo e demorado que faz com que você se sinta ansioso, desanimado... Mas achar algo que te ajude a lidar com isso pode mudar completamente a situação. 

“A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma: ‘Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas…’ Ostras felizes não fazem pérolas… Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída… Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade’’.

Ter um grão de areia que te incomoda ou machuca é mais comum do que imaginamos, mas a forma que você lida com ele é que irá fazer a diferença. Acredito que todos nós temos algum talento; você já pode saber o seu, ou ele ainda está escondido. A questão é que todos nós podemos criar algo lindo através de algo desagradável. Espero que, seja qual for o grão de areia que esteja te incomodando, se transforme em uma pérola.

With love, Duda.



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